Biografia - Desembargador André Martins de Andrade
Desembargador André Martins de Andrade
(Patrono da Cadeira nº 34 do Instituto Histórico e Geográfico da Campanha)
Juiz é a pessoa que, investida de autoridade pública, tem por função administrar justiça em nome do Estado. Cumpre-lhe, porém, ser culto e operoso, sereno e humano, probo e independente. Essas qualidades ornaram o caráter do Desembargador André Martins de Andrade e fizeram com que o seu nome venerável jamais fosse olvidado nos meios forenses. A análise de todas elas não caberia dentro dos limites deste rápido esboço de sua vida. Cinge-se, pois, àquela que o projetou como uma das glórias da Magistratura mineira - a sua cultura.
Nascido em 20 de maio de 1871, na Cidade de Campanha, era filho do Dr. André Martins de Andrade e de D. Maria Marciliana Ferreira de Andrade, descendendo, pois, de ilustre e tradicional família montanhesa. Herdara de seu pai, que, à promoção para a segunda instância, preferiu exercer a judicatura em sua terra natal, o pendor para os estudos das ciências jurídicas e as virtudes que sempre soube honrar, como anota Alfredo Valadão, “na correspondência do nome íntegro juiz de que era filho”.
Revelara, na juventude, acentuada inclinação para as letras. Depois de concluir com invulgar brilhantismo o Curso de Humanidades do Colégio São Luís, em Itu, no Estado de São Paulo, de onde saiu conhecendo bem o latim e lendo no original obras de escritores ingleses, franceses e italianos, escreveu um poemeto em 1888, quando ainda se preparava, di-lo em seu preâmbulo, “para encetar a série das lutas acadêmicas”.
Na Faculdade de Direito de São Paulo (1889-1893), destacara-se pela firmeza de atitudes, serenidade no cumprimento de seus deveres de estudante e raras qualidades de espírito e inteligência. Suas composições poéticas durante esse período propiciaram-lhe a entrada para os meios literários. Magalhães de Azeredo, que foi mais tarde um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, tecia em “O Estado de S. Paulo” os maiores encômios a seus sonetos, que reputava primorosos. Adolfo Araújo, o futuro fundador e diretor d’ “A Gazeta”, fazia entusiásticas referências aos seus versos. Ezequiel Ramos Júnior, em publicações no “Correio Paulistano”, incluía-o entre os maiores talentos poéticos de então.
Mas não foi só na poesia que revelara o seu pendor. Também na prosa conquistou louros. Em concurso de contos promovido pela “Gazeta de Notícias”, jornal que contava com Machado de Assis e Olavo Bilac dentre os seus colaboradores e que mais ligações tinha com as letras, logrou obter o segundo lugar, apesar das muitas produções de valor que concorreram aos prêmios.
Distinguira-se, ainda, como musicista, estudando os compositores clássicos, mas se deixando trair por especial predileção pelas óperas líricas. Se ao piano costumava executar músicas ligeiras, como flautista chegou a ser considerado um autêntico virtuose. Ainda é lembrado, em Campanha, o famoso quarteto de que fazia parte, organizado pelo maestro Pompeu e integrado pelos filhos deste, Samuel e Marcelo.
A esse tempo já exercia naquela comarca as funções de Promotor de Justiça, passando, em seguida, a desempenhá-las em Alfenas, sobressaindo, sempre, pelo seu sentido agudo de observação e cuidado no trato das questões a ele afetas.
Casou-se, em 8 de dezembro de 1898, com D. Emiliana, filha do seu tio Dr. Manoel Eustachio Martins de Andrade, prestigioso chefe político no Sul de Minas e que fora deputado à Assembléia Geral, ao tempo do Império, pelo Partido Liberal (1878-1880), e, na República, membro da Constituinte de Minas Gerais e senador ao Congresso Estadual (1891-1895), tendo sido sempre cercado da estima e consideração de seus Pares.
Fonte: "Memória do Judiciário Mineiro" - https://images.app.goo.gl/6XSyh3GXsz7nrptx8
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