Biografia - Márcia Lemes Pereira
Foto: Acervo Pessoal - Márcia Lemes
Márcia Pereira Lemes é natural de Campanha, Minas Gerais, nascida aos 25 dias de abril de 1948. Filha de Jair de Paiva Lemes e Hermila de Pádua Lemes, ambos in memoriam, é casada com Marco Antônio Borges Pereira (25/11/1944) com quem tem 6 filhos: Giuliano Lemes Pereira (12/03/1970), Giovanni Lemes Pereira (29/11/1971-05/11/2000), Giancarlo Lemes Pereira (07/10/1972), Giuseppe Lemes Pereira (13/09/1975), Giorgia Lemes Pereira (03/01/1981) e Graciella Lemes Pereira (25/03/1983).
Tem como formação acadêmica o Curso de Letras e diversas especializações (Latu Sensu) nas áreas de Psicanálise, Administração e Saúde Pública, Turismo, Direção de Escola e Projeto Pedagógico, Gestão da Memória, Arquivo, Patrimônio e Museu, Gerência pela Qualidade Total:Gerenciamento e marketing, MBA de Administração Pública e Gerência das Cidades, além de especialização na língua inglesa feita em Sydney na Austrália.
É empresária, psicanalista, educadora, consultora nas áreas de patrimônio, gerenciamento e marketing, qualidade total e área de saúde. Exerceu assessoria na Prefeitura da Campanha por oito anos. Foi membro do Conselho de Patrimônio Municipal durante dezesseis anos. Foi secretária e vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Campanha por 20 anos e ocupa a Cadeira nº 18 deste Sodalício.
DISCURSO DE IMERSÃO NO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DA CAMPANHA
CADEIRA Nº 18 - CONSELHEIRO BERNARDO JACINTO DA VEIGA
EVOCAÇÃO: JAIR DE PAIVA LEMES
Autoridades Presentes,
Companheiros do Instituto Histórico e Geográfico da Campanha,
senhoras e Senhores,
Muito honrada, recebi a notícia da inclusão de meu nome como sócia efetiva deste sodalício para tomar posse da cadeira número 18, que era antes ocupada por meu pai, Jair de Paiva Lemes e cujo Patrono é o Conselheiro Bernardo Jacinto da Veiga. Entendo que tão grande deferência se deva mais aos laços de amizade que tenho dentro do Instituto Histórico e Geográfico da Campanha do que realmente a meus méritos como pesquisadora de nossa história, que sinceramente, reconheço muito débeis para tão grande responsabilidade. Só me resta, portanto, agradecer a confiança a mim creditada, comprometendo-me por isso mesmo, dentro de minhas possibilidades, dedicar-me efetivamente a este importante órgão de pesquisa e preservação de nossas legítimas raízes históricas e culturais.
Bernardo Jacinto da Veiga nasceu no Rio de Janeiro em 1802, filho de Francisco Luiz Saturnino da Veiga e Dona Francisca Xavier de Barros Veiga. Por exigência paterna e por ter uma saúde muito frágil, aprendeu desde cedo o ofício de encadernador e em 1818 veio para Campanha, ponto de partida para sua brilhante carreira política. Em Campanha casou-se com Dona Mariana de Paiva Bueno, filha do Capitão de Cavalaria de Milícias, Manoel de Paiva Silva e de Dona Isabel Bueno descendente de Amador Bueno. Teve sete filhos.
Com seu irmão Evaristo da Veiga monta em Campanha uma livraria em 1830, seguindo o exemplo de seu pai e irmãos no Rio de Janeiro. Assim em 1832 publica em Campanha a primeira gazeta da província- “Opinião Campanhense”. Exerceu cargos como Juiz de Paz e Vereador. Foi eleito e reeleito na legislatura da Assembleia Provincial. Em 1836 participa da primeira mesa diretora para a Santa Casa de Caridade da Campanha. Como Presidente da Província teve a oportunidade de elevar a Vila da Campanha à categoria de Cidade a 9 de março de 1840. Exerceu os mais diversos cargos públicos e muitas profissões. Faleceu em 21 de junho de 1845.
Aí está de maneira simples e resumida a biografia do Conselheiro Bernardo Jacinto da Veiga, patrono da cadeira de número 18, tendo como primeiro ocupante o meu pai, Jair de Paiva Lemes, nascido a 02 de dezembro de 1922, nesta cidade.
Jair era filho de Eulálio da silva Lemes e Ana Antônia de Paiva Lemes. Sempre residiu em Campanha, terra que amava acima de tudo e de todos e que sempre procurou engrandecer, cultivando com seu trabalho zeloso e dedicado, um desenvolvimento intelectual que o fazia sobressair em qualquer empreendimento que defendia.
Dificuldades financeiras impediram que ele tivesse estudos regulares, mas sua capacidade de autodidata, sempre lhe conferiu dons que o faziam sobressair. Em Campanha, geralmente era designado para ocupar altos cargos e de responsabilidade nas repartições onde sua colaboração foi sempre digna de admiração.
Casou-se em 1945 com Hermila de Pádua Lemes. Sua prole não foi muito numerosa. Apenas dois filhos, que até hoje cultivam com orgulho e grandeza a memória que enaltece desde sua morte, o homem que dignificou Campanha. Além de suas qualidades morais e intelectuais, aliava a seus dotes de musicista, o de saxofonista que, na orquestra “Hindu Jazz” encantava os cassinos das Estâncias Hidrominerais. Por uma dessas fatalidades que o destino não explica, tuberculoso, houve necessidade de recolher-se a um Sanatório onde depois de longo tratamento voltou completamente curado.
Nos Correios e Telégrafos galgou sempre os mais relevantes serviços, dada a sua liderança e capacidade. Era um excelente datilógrafo. Aposentando-se, foi convidado a assessorar o ex-prefeito Andrielli Andriatta, prestando inestimáveis serviços às causas da comunidade.
Na gestão do Prefeito Ronald Ferreira, notabilizou-se pelo seu trabalho como chefe do SERPHAM (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Municipal) onde mais uma vez se manifestou seu espírito criativo e empreendedor. Com grande empenho, viu realizando o seu maior sonho: a restauração da Cada de Vital Brazil. Seu orgulho e motivo de vaidade sempre foram: ter nascido e vivido nesta velha campanha de incomparável valor histórico nacional, que representará sempre a glória de ser uma relíquia do Brasil colonial.
Manifestando também veia de escritor publicou: “Autonomia dos Prefeitos da Campanha” que mereceu bastantes aplausos. Como pessoa humana dava atenção tanto aos humildes como aos poderosos, demonstrando um caráter sólido sem preconceitos. A chama de alegria estava sempre presente e contagiava a todos que se lhe aproximavam.
Em 29 de março de 1987, morreu aquele que dera tanta glória à vida. Sua presença física se extinguiu, mas seu espírito rico, de incomensuráveis qualidades, vive entre nós, imortal e fecundo, inteligente e sutil, como foram todos os atos de sua vida. Baseada nessa vida dinâmica e exemplar, aqui estou, para assumir com humildade o lugar que foi ocupado por esse ilustre personagem, cuja memória me enleva e traz de volta a saudade.
Minha responsabilidade é imensa e pode pesar-me sobre os ombros, mas tudo farei para seguir com dignidade as pegadas daquele que foi o filho amante e amado desta prestigiosa Campanha.
Obrigada.
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